Gabriela Pedroso

Alivie a sua bagagem

É impressionante como parece mais fácil encontrar culpados, apontar os responsáveis e se esconder em situações do passado. É fácil mesmo, mas não necessariamente traz algo de bom. Se meus pais fossem mais presentes eu não seria emocionalmente fechado dessa forma. Se eu tivesse recebido uma oportunidade, hoje estaria bem diferente. Se eu não tivesse sido demitido, se não tivesse me casado, se eu fosse a Gisele Bündchen. Enfim. Você não é. Se as coisas tivessem sido diferentes tudo seria diferente hoje. Você seria diferente: sua vida, suas experiências, seus amores seriam diferentes. Poderia, realmente, ter sido melhor, ou pior, ou igualmente frustrante, de alguma outra forma. Mas não foi. Você não pode entrar numa máquina do tempo e mudar algum evento do seu passado. Já era o que poderia ter sido. É o que você decide fazer agora, a partir desse momento, que definirá os rumos do seu destino. Agora é momento juntar os cacos, entender que tudo o que aconteceu já aconteceu e seguir em frente. “Você está pedindo para esquecer, mas não é assim fácil.” Essa é uma das frases que escuto com mais frequência. Realmente, esquecer não é nada fácil e nem mesmo estou pedindo para que você faça algo assim. Essa é a sua história e faz parte de quem você é, não faz sentido simplesmente jogá-la fora. É impossível recomeçar com uma tela em branco – a menos que você sofra de algum dano cerebral e acorde com amnésia, o que não deve ser nada agradável e definitivamente eu não desejo isso para você. A sua bagagem existe, sim, mas ela não precisa ser um fardo ou pesada demais a ponto de paralisá-lo. Eu não estou pedindo para você esquecer, mas apenas para entender que, de agora em diante, essa bagagem pode ser relevante, mas não determinante. O que você anda fazendo com as suas feridas? Você as trata e as deixa cicatrizarem? Ou fica mexendo, cutucando, impedindo o processo de cura, criando um machucado ainda maior com o tempo? Albert Einstein, certa vez, disse a seguinte frase: “A decisão mais importante que tomamos é se acreditamos que vivemos num universo amigável ou hostil”. É a nossa percepção do que acontece que determinará a realidade em que vivemos, e isso pode ser transformado com o poder da sua escolha e das suas atitudes. Ninguém disse que era fácil. Pode parecer impossível e dolorido demais assumir a responsabilidade, tomar o comando de si mesmo e da sua própria história, mas é igualmente libertador. O primeiro passo? Perdoar. Perdoar a si mesmo pelos seus erros, seus tropeços e suas escolhas. Perdoe-se pelas vezes em que você fez mal a si mesmo, pelas vezes em que acabou magoando alguém ou permitiu que machucassem você. Perdoe ao outro pelo que já foi dito ou feito, pois já foi dito e feito. Entenda que cada um toma suas decisões da melhor maneira possível e que nem sempre se calcula até onde irão as consequências dessas escolhas. É hora de se livrar desse peso, perdoar e aliviar a sua bagagem. Siga em frente. Recomece. Não em branco – você não precisa apagar nada. Apenas diferente. Apenas original. O seu caminho, construído pela única pessoa que realmente pode fazer isso: você.

Gabriela Besen Pedroso – www.immoderatus.com.br

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