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“A Imitação de Cristo”: depois da Bíblia o livro mais lido (Parte final)

Em que reside a singularidade da Imitação de Cristo? O caminho da “Imitação de Cristo” sublinha o Cristo da fé e suas virtudes: sua humildade, seu amor aos pobres e pecadores, sua compaixão para com os doentes e discriminados, sua atitude face à condição humana que ele compartilhou conosco. A epístola aos Hebreus diz claramente que ele “passou pelas mesmas provações que nós”(4,15), estava “cercado de fraqueza”(5,2) e “aprendeu a obediência por meio do sofrimento”(5,8).
São Paulo vai mais longe ao nos admoestar para “termos os mesmos sentimentos que Cristo Jesus teve: não se prevaleceu do fato de ser Deus, mas por solidariedade a nós assumiu a condição de servo, apresentando-se como um simples homem e humilhou-se até à aceitação da morte de cruz”(cf. Flp 2, 5-8), castigo infame para a época. Ele não se “envergonhou de chamar-nos irmãos e irmãs”(Hbr 2,11) e no juizo final refere-se aos pobres e penalizados conclamando-os como “meus irmãos e irmãs menores”(Mt 25,40).
Estas atitudes são propostas pelo autor aos seus ouvintes para se alcançar um alto nível de vida spiritual. O Cristo fala à subjetividade da pessoa em busca de um caminho spiritual e a leva a descobrir todos os meandros da malícia humana mas também toda a grandeza das possibilidades de conquistar alto nível de vida interior.
Tomás de Kempis, melhor que qualquer psicanalista, entende os meandros mais escusos da alma humana, as solicitações do desejo, as angústias que produz mas também aponta caminhos de como enfrentá-las sempre confiados na graça de Deus, na misericórdia de Jesus e no completo despojamento de si mesmo. Procura consolar o fiel imitador com o exemplo de Cristo e mostra-lhe a alegria inaudita da intimidade com Ele e, por fim, a grandeza da recompensa eterna que lhe está preparada na eternidade.
O livro oferece uma espiritualiidade cristalina como a água da fonte atrás da casa. Orienta e alimenta ainda nos dias atuais a busca humana por um encontro com o Mistério de todas as coisas: o Deus interior e exterior que tudo enche.

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