Letícia Zanini

(In)veja de forma maquiada (1ª parte)

Diante da exposição vivida atualmente, cabe refletirmos o quanto isso, de certa forma, nos torna mais expostos aos olhares alheios e mais do que isso, aos sentimentos alheios. Um dos sentimentos existentes na condição humana é o da inveja. Considerada um dos primeiros pecados da humanidade, há relatos do impacto dessa emoção em nossa vida relatada na Bíblia, em Gênesis, na passagem em que Caim matou seu irmão Abel por inveja. (Gn 4,8). Outros personagens bíblicos como José e Davi sentiram o “peso” da inveja, inclusive vinda dos mais próximos, seus irmãos. De lá para os dias atuais, infelizmente, não evoluímos muito no quesito felicidade pelo sucesso alheio. Na literatura infantil e dramaturgia brasileira temos também inúmeros exemplos vivenciados em livros, novelas e minisséries, gerando conexão com as pessoas pela similaridade do que vivem. E, no ambiente corporativo, onde muitos maquiam a inveja e nem sempre demonstram o desconforto com o sucesso alheio.

Imagine a seguinte cena, você acaba de ser promovido ou de comprar o apartamento dos seus sonhos, consegue engravidar depois de anos tentando, troca seu carro por aquela tão desejada “nave”. Você, neste momento, está prestes a explodir de tanta felicidade, euforia, fé. Consequência de todo seu esforço, privação, trabalho, competências usadas da forma correta, logo, resultados positivos. E aí, o que você faz? Posta! Compartilha, conta, liga para os “amigos” para compartilhar suas vitórias imaginando que todos irão sentir o mesmo que você. Só que alguém próximo a você solta algo do tipo: “Nossa, que invejinha boa estou de você!” Minha pergunta é se existe inveja boa? Você sabe o que é a inveja? Você já a sentiu?

Para quem não sabe, inveja é olhar para algo que pertence a outra pessoa e nos sentirmos mal porque ela tem algo, acreditamos nós, melhor do que o que temos. Inveja ou invídia, é um sentimento de angústia, ou mesmo raiva, perante o que o outro tem e a própria pessoa não tem. Desgosto provocado pela felicidade ou prosperidade alheia. No livro A Cabala da Inveja, Nilton Bonder, relata que a inveja não só nos deixa desconfortável com as conquistas do outro, como também alimenta crenças sobre a temática de injustiça e vitimização. Já que ficamos buscando uma explicação sobre o sucesso do outro, geralmente, desmerecendo seu esforço ou reforçando que se fosse com você, o líder não seria “tão legal”, a situação não seria tão fácil, as condições seriam diferentes. Parece que o mundo sempre está devendo algo para o invejoso.

Por Letícia Zanini – Master Coach, Psicóloga e Educadora Comportamental

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