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Mengálvio Figueiró

Um pouco da história do grande craque ao lado de Pelé e companhia

“Um jogador de grande habilidade, dinâmico, criativo e inteligente, com um fôlego privilegiado que o permitia atacar e defender com a mesma intensidade”, é como o Rei Pelé define o lagunense Mengálvio, hoje com 81 anos e que aos 18 foi para o Santos FC não só para dar equilíbrio ao meio campo do time peixeiro, como para ditar o rítmo daquele que seria considerado o melhor time de todos os tempos. Embora tenha nascido em 17 de outubro de 1938, Menga foi registrado por seu pai, Antônio no dia 17 de dezembro do mesmo ano.

Um dos 11 filhos do casal Antônio Figueiró e Maria (Florisbela), ele veio ao mundo em nossa cidade, numa segunda-feira e recebeu dos pais, o nome de Mengálvio Figueiró, embora na certidão de Batismo conste como Mengálvio Pedro Figueiró. Quinto filho do casal, que teve 11 herdeiros – sete mulheres e quatro homens, ele seguiu a carreira futebolística, como seus irmãos Beneval, Luiz (ambos de saudosa memória) e do nosso querido Tuíco que que reside em Porto Alegre e que sempre passa a tempoirada de veraneio na praia do Mar Grosso, onde tem apartamento.

Curiosamente seu pai, o maestro Figueiró, regente da Banda União dos Artistas, não gostava de futebol e se dedicava a música.

Mas o principal jogador de futebol da região sulina, aqui começou a ganhar destaque jogando pelo nosso Barriga Verde FC e daqui foi para o Aimoré, de São Leopoldo, onde em 1957 participou da brilhante campanha do time no campeonato gaúcho, aliás sendo vice-campeão, após empatar a final com o Grêmio, cujo resultado é contestado até hoje, visto que no lance, o zagueirão Airton empurrou o goleiro Soly, aliás jogando-o na rede com bola e tudo, como se diz popularmente. Mas naquele campeonato, o futebol do garoto esguio, de 18 anos, foi tão destacado pela imprensa da capital gaúcha, que no ano seguinte o lagunense já estava na Seleção Brasileira que disputou o Pan Americano da Costa Rica. Mas junto com o Santos outros grandes clubes do futebol brasileiro, como Corinthians e Palmeiras, outros clubes se interessaram por Menga. Mas o time da Vila Belmiro precisava com urgência de um jogador que substituísse o veterano Jair Rosa Pinto e o técnico Luiz Alonso Pérez, o Lula, por indicação do zagueiro Calvet, insistiu para que o contratado fosse o jovem  lagunense e assim aconteceu. Quando fez sua primeira partida pelo branco e preto paulista, o nosso conterrâneo tinha 21 anos e sua estréia se deu num empate de 2 a 2 com a Portuguesa de Desportos, em 19.04.1960, no Pacaembú, na capital, pelo Torneio Rio/São Paulo, entrando no lugar de Ney Blanco, que havia marcado um dos gols na partida. Naquele jogo o Santos atuou com Laércio, Feijó, Mauro e Zé Carlos, Calvet depois Formiga e Zito. Dorval, Ney Blanco depois Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe. os gols santistas foram de Ney Blanco e Zito. Mas naquela partida, é bom que se registre, nascia também aquele que até  hoje é conhecido como o ataque dos sonhos, pois além do lagunense, tinha também Dorval, Coutinho, Pelé e Pepe, com os cinco craques jogando juntos em 97 partidas, conquistando 68 vitórias e 11 empates e perdendo apenas 18 vezes, mas marcando 314 gols e sofrendo 155, com uma média assombrosa de 3,23 gols por partida. A última vez em que atuaram juntos foi em 09.01.1966, na Costa do Marfim, na goleada de 7 a 1 sobre a equipe do Stade Clube Abdjan. De um futebol clássico e elegante, Mengálvio foi campeão mundial pela seleção Brasileira em 1962, no Chile, na reserva de Didi, e da Copa Rocca, em 1963. Com 1m e 79 e 68 quilos era conhecido como um falso lento. Na verdade, conseguia manter o mesmo ritmo durante toda uma partida. No fantástico time do Santos, sem sombra de dúvida o melhor do Brasil em todos os tempos, ele fazia o papel de meia-direita, mas na prática jogando recuado, fazendo a função de um médio-volante, protetor da zaga, enquanto Zito apoiava mais o ataque.

Em 1968 Mengálvio foi emprestado ao Grêmio Porto-Alegrense e em 1969 ao Millionários, da Colômbia, onde chegou a conquistar o Torneio Finalizácion. Mas é de se registrar ainda que o lagunense, de 1960 a 1969 jogou 369 partidas pelo Santos FC, marcando 27 gols.

Encerrou sua carreira em 1971 e continuou vivendo inicialmente em São Vicente e depois em Santos, onde reside até hoje. Tipo bonachão, um tanto desligado, fora de campo ele tinha o apelido de Pluto, e era alvo de muitas brincadeiras dos colegas, principalmente de José Macia, o Pepe, que incluiu algumas delas no seu livro “Bombas de Alegria”.

(Reportagem pautada para homenagear Mengálvio e alguns torcedores do Santos, em Laguna, como a jornalista Miriam Guedes de Azevedo e esposo, Daniel, Ricardo Queiroz Ribeiro, Rita Biaggioni (senhora Luiz Antônio Biaggioni) e o advogado Matheus Correa Guedes).

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