Variedades

Cabeçuda: uma história de três mil anos Cartão Postal? Por que não?

Muitos ainda tem dúvidas quanto ao nome deste bairro: Cabeçuda ou Cabeçudas. No registro oficial o nome correto é Cabeçuda. Mas qual a origem deste nome? Há pelo menos duas versões que fazem referência ao Sambaqui que existiu na região: uma informa que o mesmo era muito alto e, visto de longe, possuía o formato de uma enorme cabeça, dando origem ao nome do sítio arqueológico Sambaqui* da Cabeçuda e, posteriormente, ao local. Outra versão diz que o nome vem das caveiras encontradas no então chamado “casqueiro”. O certo é que, assim como a nossa querida Laguna que já se mostrava na história mesmo antes de seu povoamento, com o Tratado de Tordesilhas, Cabeçuda já estava na história da nossa cidade antes de ela existir oficialmente. É que em Cabeçuda encontrava-se o maior Sambaqui da região, destruído inicialmente pela exploração caieira, suas conchas foram transformadas em cal. Lá pela década de 50, esteve na região um importante arqueólogo, Luis Castro de Faria, que sabendo da destruição iminente do sambaqui, tratou de realizar escavações onde ocorreu o salvamento de artefatos e ossos de mais ou menos 200 indivíduos ali sepultados. Mais tarde o sambaqui sofre nova intervenção com a construção da ponte sobre o canal Laranjeiras afetando mais uma vez o sítio arqueológico e, atualmente, com a construção da nova ponte estaiada houve mais uma intervenção no local. Porém os tempos são outros e a preocupação com o patrimônio histórico agora é uma questão evidente, então, para a construção de um dos pilares da nova ponte, ocorreu o salvamento de uma parte do avariado sambaqui e, no local, foram retirados 23 esqueletos pelo grupo de pesquisas arqueológicas da UNISUL. O Sambaqui é tão significativo para contar a história dos primeiros habitantes da região, que recentemente foi visitado pelos alunos da EEB Saul Ulyssea, que realizaram a limpeza e o registro de uma oficina lítica do mesmo. A oficina lítica era o local onde os povos sambaquieiros fabricavam seus instrumentos de pedra, por isso, esses locais são identificados com marcas na pedra, feitas pelo homem. O Sambaqui da Cabeçuda por estar tão acessível ao público e por possuir todos os elementos da pré-história, poderia ser um importante local de visitação tanto de estudantes, pesquisadores ou pessoas que gostam de conhecer a história da humanidade. Poderia, pois na atualidade ele encontra-se sem exploração, para não dizer que está abandonado, o que restou do sítio está sendo cercado pelo grupo de pesquisas arqueológicas da UNISUL, para a sua preservação até que se tenha uma solução para o seu destino e não se perca o pouco que ainda resta de espaço para pesquisa. Poderíamos pensar na Cabeçuda como pertencente ao grupo de locais da nossa Laguna, que figuram nos folhetos turísticos ou em cartões postais seja pelo seu sambaqui com oficina lítica (um local como este é muito bem explorado no famoso Costão do Santinho em Florianópolis), seja por outras belezas como a ponte de ferro, a pesca do camarão com liquinho, a lagoa e, agora com a nova ponte que já é chamada pelos lagunenses (extraoficialmente) de Ponte Anita Garibaldi. Cabeçuda, mais um importante ponto turístico em Laguna!

Andrea Matos Pereira – Licenciada e bacharel em História, professora da rede estadual de ensino e assessora de direção da EEB Saul Ulysséa

Deixe seu comentário