Leonardo Boff

A vida como imperativo cósmico

Os aminoácidos são um conglomerado de ácidos que combinados permitem surgir a vida. Eles se compõem com quatro bases de nitrogênio que funcionam como uma espécie de quatro tipos de cimento que unem os tijolinhos formando casas, as mais diversificadas. É a biodiversidade.
Temos, portanto, a mesmo código genético de base criando a unidade sagrada da vida, dos micro-organimos até os seres humanos. Todos somos, de fato, primos e primas, irmãos e irmãs, como o afirma o Papa em sua encíclica sobre a ecologia integral (n.92) porque somos formados pelos mesmos 20 aminoácidos e as 4 bases nitrogenadas (adenina, timina, guanina e citosina).
Mas faltava um berço que acolhesse a vida: a atmosfera e a biosfera com todos os elementos essenciais para a vida: o carbono, o oxigênio, o metano,o ácido sulfúrico, o nitrogênio e outros.
Dadas estas pré-condições, eis que há 3,8 bilhões de anos, aconteceu algo portentoso. Possivelmente do mar ou de um brejo primitivo onde borbulhavam todos os elementos como uma espécie de sopa, de repente, sob a ação de um grande raio relampejante vindo do céu, irrompeu a vida.
Misteriosamente ela está aí já há 3,8 bilhões de anos. No minúsculo planeta Terra, num sistema solar de quinta grandeza, num canto de nossa galáxia, a 29 mil anos luz do centro dela, aconteceu o fato mais importante da evolução: a irrupção da vida. Ela é a mãe originária de todos os viventes, a Eva verdadeira. Dela descendem todos os demais seres vivos, também nós humanos, um sub-capítulo do capítulo da vida: a nossa vida consciente,
Por fim, ouso dizer com o biólogo também prêmio Nobel Christian de Duve e o cosmólogo Brian Swimme, que o Universo seria incompleto sem a vida. Sempre que se atinge certo nível de complexidade, a vida surge como um imperativo cósmico, em qualquer parte do Universo.
Devemos superar a ideia comum que o universo é uma coisa meramente física e morta, com pitadinhas de vida para completar o quadro. Essa é uma compreensão pobre e falsa. O universo parece estar cheio de vida e é para isso que ele existe, como o berço acolhedor da vida, especialmente da nossa.

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