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5 lições que aprendi quando fui chefe

Eu estava com 26 anos quando assumi o cargo de Chefe de Cartório em uma unidade do Poder Judiciário. Contava com alguns anos de experiência como funcionária, vontade de fazer algo mais e conhecimento da matéria. Nenhuma prática em liderança. Zero. O convite para o cargo se deu, sem sombra de dúvidas, em decorrência das minhas habilidades técnicas, não por alguma postura de autoridade ou uma capacidade natural da minha parte com relação às pessoas. Isso eu tive que aprender fazendo, ou seja, no método de tentativa e erro. Muitos erros. E é com base nesses erros que vou elencar hoje cinco lições valiosas que eu extraí desse período e levarei comigo, aonde quer que eu vá. Primeira lição: Você não ajuda ninguém sendo bonzinho demais. Eu queria ser considerada uma chefe legal, e isso começou a deixar as coisas realmente complicadas depois de um tempo, por diversas razões. Uma das coisas que passou a acontecer foi a perda do respeito por parte dos funcionários, que nem mesmo tentavam disfarçar quando estavam enrolando em serviço. Faltas, atrasos e lanches da tarde que duravam mais do que o permitido passaram a se tornar rotina e, quando eu percebi o que estava acontecendo, já não sabia como consertar. Segunda lição: Você não é um super herói. Durante o primeiro ano eu consegui manter um ritmo alucinante de trabalho, com cerca de doze horas diárias. Queria fazer tudo – resolver todos os problemas, responder todas as perguntas e produzir eficientemente. Com o tempo, meu corpo e minha mente cobraram a conta e a qualidade do meu trabalho começou a cair. Ser chefe não quer dizer fazer muito mais do que os outros, acumular funções e tomar todas as decisões – um bom chefe sabe delegar e supervisionar, bem como sabe a hora de parar e descansar um pouco. Terceira lição: Filtre os telefonemas. Eu tinha um telefone na minha mesa, e atendia qualquer ligação. Passava boa parte do horário de expediente ao telefone e isso praticamente me obrigava a permanecer fora do horário para realizar atividades que exigissem uma maior concentração. É necessário filtrar e atender apenas o que realmente precisar da sua atenção. Consultas e perguntas que podem ser respondidas por um atendente devem ser devidamente repassadas. Quarta lição: Aprenda a dar feedbacks honestos e constantes. Quando o feedback é uma prática constante, você se torna melhor em oferecê-los e seus funcionários se tornam melhores em recebê-los. Se você avalia como excelente um funcionário que possui um desempenho medíocre, qual a mensagem que você está passando? Pense que, ao deixar de dar feedback, você está impedindo o desenvolvimento profissional de alguém, bem como prejudica o seu trabalho e o trabalho de todos os demais funcionários. Quinta lição: Erre rápido, corrija rápido. Errar é humano e faz parte. O problema é quando você sabe que está errado e não faz algo a respeito. Num cargo de chefia ou liderança, seus erros podem provocar um efeito dominó com prejuízos incontáveis. Por esse motivo, assim que você perceber que tomou um caminho ou atitude equivocada, a primeira ação é o controle de danos e, em seguida, fazer uma auto análise para descobrir exatamente como deve proceder de agora em diante para evitar que a mesma situação aconteça novamente. Se você está hoje num cargo de chefia ou de liderança, deve saber que não é nada fácil. Existem muito mais do que cinco lições e, sem dúvida, eu poderia falar sobre cada uma delas por páginas e páginas, mas o espaço não me permite. Então, para finalizar, vou dar apenas mais uma dica, que vale por todas as que você provavelmente ainda irá ouvir: Não seja o líder que os seus subordinados querem. Não aja da forma mais confortável para você ou que pareça mais popular. Torne-se aquele que a sua empresa e os seus liderados precisam que você seja naquele momento. Isso é que tornará você um grande líder, capaz de inspirar, fortalecer sua equipe e extrair o melhor de cada um.

Gabriela Besen Pedroso – www.immoderatus.com.br

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